População reclama da demora no atendimento feito no PS em Araras

Cinco horas. Este é o tempo médio que uma pessoa precisa esperar para ser atendido no Pronto Socorro do Hospital São Luiz. Durante a semana, Tribuna recebeu três denúncias de pacientes que, indignados, relataram a demora e os problemas enfrentados para receber atendimento médico pelo SUS (Sistema Único de Saúde).

Na quarta-feira (31), a autônoma Fátima Maria de Freitas Vasconcellos Santos, 65 anos, ficou no Pronto Socorro durante sete horas e meia para ser atendida, realizar o exame de Raio-X e retirar o resultado. “Estou indignada com a situação e alguém precisa fazer algo, pois ultrapassou o limite do tolerável”, desabafou.

Fátima chegou às 7h30 e foi liberada somente às 15h. “Quando cheguei, recebi o selo verde (pouco urgente) e aguardei até às 11h para a consulta com o médico. Após isso, fiquei mais uma hora na fila para o exame de Raio-X e depois, aguardei até às 15h para retirar o resultado”. Apesar da idade, ela não recebeu atendimento prioritário e acusou que “apenas uma médico realizava o atendimento para todos os casos, graves ou não”.

Tribuna apurou outros casos que expõem os problemas enfrentados para quem precisa de atendimento. Há dois meses, a dona de casa Leonice Moreira de Lima esperou, junto com sua mãe, três horas para ser atendida. “Com 80 anos, ela aguardou todo esse tempo e, mesmo reclamando na recepção, pela idade que ela tem, nada foi feito”, disse. De acordo com Lima, este não foi o primeiro problema vivido por ela “Já esperei mais de duas horas para ser atendida, não consegui e minha única solução foi automedicar”, contou.

Quem também enfrentou horas na fila foi a comerciante Joice Pinheiro, moradora da zona leste. “No mês passado entrei no PS com uma dor forte no peito e nas costas por volta das 11h da manhã. Até passar pelo exame, fazer o Raio-X e retirar o resultado consegui sair de lá às 16h”, afirmoiu. Durante o período que esteve no local ela presenciou cenas de descaso. “Um idoso passou mal e ninguém atendia. Indignada, tive que alterar a minha voz para pedir atendimento pois o senhor estava quase enfartando na recepção”, acusou.

Atendimento

Apesar da demora gerar indignação nos pacientes, o atendimento no Pronto Socorro segue a norma indicada pelo Ministério da Saúde. Na entrada, uma placa informa que, para melhor atender ao usuário, um sistema através de classificação de cores foi adotado. Em operação desde 2011, ele prioriza a assistência médica. Para os casos gravíssimos com risco de morte (classificados como emergência), o atendimento é imediato, o que é ‘urgente’ tempo de espera estabelecido em até uma hora. Já os casos classificados como ‘pouco urgente’ (como o de Fátima) a espera está afixada em até quatro horas; e casos ‘não urgente’ o paciente deve ser atendido em até cinco horas.

Na edição de 14 de novembro de 2011, Tribuna mostrou que a placa obedece a Portaria nº 2048 (Ministério da Saúde) que propõe a implantação do acolhimento e da “triagem classificatória de risco” nas unidades de atendimento, segundo a Política Nacional de Atenção às Urgências. O protocolo de acolhimento estabelece o percentual de usuários conforme classificação de gravidade (vermelho, amarelo, verde e azul). Sobre o tempo de espera, não há valores definidos, apenas que se deve levar em consideração: chegada do paciente até o atendimento médico e o tempo de permanência.





Reforma

Em junho, teve início a reforma e ampliação do Pronto Socorro. Com investimento estimado em R$ 1.410.815,56 mi, a construtora Aracons Construtora Ltda. venceu a licitação e é responsável pela obra. A primeira fase do projeto foi concluída há um mês, após a construção de novas lixeiras destinadas para a separação do lixo hospitalar e químico, ao lado do Centro de Hemodiálise.

Com o início da segunda etapa, a antiga entrada para o Pronto Socorro, feita pela Rua Coronel Justiniano, foi demolida e uma nova foi improvisada no local para atender aos casos menos graves. Os de urgência e emergência, que chegam de ambulância, é feito pela Avenida Washington Luiz (mesmo espaço onde será construída a nova entrada para o Pronto Socorro).

O projeto prevê ainda a ampliação de quase 200 m² de área, atendendo às legislações vigentes, inclusive de acessibilidade. Entre as mudanças, haverá entradas distintas para pacientes e ambulâncias com vítimas de urgências e emergências, além de salas de observação independentes para homens, mulheres e crianças – com cinco a seis leitos em cada uma. Haverá ainda quatro consultórios médicos, sendo um de pediatria. Também será construído um pequeno centro cirúrgico, salas de triagem, e haverá uma reforma completa dos banheiros, sala de recepção e espera.

Prefeitura municipal de Araras

Em nota, a Secretaria Municipal da Saúde de Araras afirmou que o Pronto Socorro conta com três médicos, que atendem 24 horas por dia. Sobre a demora no atendimento, o sistema adotado pela Santa Casa obedece ao protocolo de Manchester, utilizado mundialmente para a seleção de risco em serviços de urgência e emergência, que tem por objetivo priorizar o atendimento de casos graves, o que evita que pacientes com risco de morte, ou agravos, esperem por um tempo maior, devido ao fluxo de pacientes não graves.

A nota explica ainda que, “nem sempre quem chega primeiro no PS será atendido primeiro”, pois é preciso respeitar a prioridade dos demais. Cerca de 200 a 300 pacientes são atendidos, diariamente, segundo dados da Saúde. O atendimento de pacientes graves (com risco de morte ou acidentados) exigem a permanência constante do médico plantonista até estabilização do quadro. Este fato pode passar a impressão ao usuário, ou ao seu acompanhante, que o PS está sem médicos ou demorando muito as consultas.

Para finalizar, a explicação dada pela Secretária sobre a ausência de médicos se deve ao procedimento adotado internamente. “Não é raro dois médicos estarem com pacientes graves na sala de emergência, enquanto apenas um atende os menos graves. A estratégia para diminuir o fluxo de pacientes, e agilizar o atendimento, é fortalecer a atenção básica de saúde e conscientizar os usuários que o Pronto Socorro deve ser utilizado somente para os casos graves.

Fonte: Tribuna do Povo





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