150 anos de Araras: história começa em torno da capela

A imponência da Igreja Matriz Nossa Senhora do Patrocínio, há dois anos elevada pelo Vaticano a Basílica Menor, é ostentada pelos traços neoclássicos de sua arquitetura, bem como do trabalho artesanal em suas paredes e suas telas. No entanto, o templo atual substitui a primeira capela, inaugurada em 15 de agosto de 1862, ao redor da qual surgiu a cidade. Daí surge o aniversário dos 150 anos de fundação de Araras comemorado amanhã.

O primeiro registro do povoado, contudo, foi em 1818, através de uma sesmaria de légua e meia, formada pelas bacias hidrográficas do Rio Mogi, Ribeirão Itapura e Ribeirão das Araras, em terras pertencentes ao município de Limeira, demolida 19 anos depois, com a construção da nova matriz.

A devoção foi trazida no mesmo ano pelo casal Manuela Assis de Cássia e Bento de Lacerda Guimarães, o Barão de Araras, cuja filha estudava no Colégio Nossa Senhora do Patrocínio, em Itu. Porém, é nas alturas, nos espaços mais escondidos e apertados, que se encontram detalhes praticamente desconhecidos da obra.

Em 27 de janeiro de 1881, a diretoria das obras para construção da nova igreja matriz comunicou ao presidente da Câmara, o término da obra, lançada em 15 de agosto de 1879, apenas um ano e meio depois.

Conhecendo por dentro

Tribuna teve acesso à cúpula e ao forro do templo, de onde se vê a beleza da praça Barão e de quase toda a cidade. A entrada foi autorizada pela administração da Basílica, em virtude das obras de restauração, que estão em andamento. Os detalhes chamam a atenção de engenheiros e pedreiros da atualidade. Como é possível há mais de 130 anos uma estrutura tão perfeita sem a tecnologia e os recursos utilizados nas grandes obras da construção civil?

Caminhando pelo forro da nave, todo de madeira, a primeira pergunta é como foi possível subir àquela altura vigas de madeira de cerca de 15 metros. Observando mais de perto, nota-se que as toras foram talhadas à mão, com machadinha ou talhadeira.





É a sustentação da cúpula, porém, que salta aos olhos. A alvenaria e a cúpula de bronze foram colocadas sobre uma estrutura formada por diversas vigas de madeira cruzadas entre si. Tudo original, feito pelos escravos nas últimas décadas do século XIX. Uma escada em formato parafuso leva à cúpula, de cujas janelas contempla-se a beleza da praça Barão.

O livro Restaurando Nossos Laços, lançado em 2000, por ocasião da primeira restauração da igreja, aponta: “É espantoso refletirmos sobre a época e sobre a construção em si, sobre a rapidez com que monumental obra, sem os recursos tecnológicos de que hoje dispomos, foi construída”.

O relógio

Alemão, o relógio da Matriz era referência para quem passava pelo Centro da cidade. Atualmente parado, fica logo abaixo da cruz superior. Para se chegar até ele, é preciso subir no forro da nave e caminhar por uma passarela de madeira até a frente da igreja. Semanalmente era preciso dar corda no instrumento. O conserto do relógio está na programação do restauro da igreja, que está em andamento e deve terminar no fim do ano.

Obras de restauração

Cerca de 70% do restauro da Basílica está concluído, segundo a administração da igreja. As próximas etapas das obras incluem a restauração e pintura do campanário (torre do sino), substituição da rosácea (inscrição no piso de entrada da Basílica), pintura interna, escadas do coro, pés das colunas, reforma da gruta de Nossa Senhora de Lourdes, relógio, troca de ventiladores, piso externo, além de serviços de conservação do templo, como limpeza e impermeabilização do piso.

O serviço foi interrompido durante as festividades da Padroeira, mas já foi retomado. Após ser elevado a Patrimônio Histórico e o prédio tombado pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico), o templo passou pelo primeiro processo de restauração que teve início no ano de 1995 e foi finalizado somente no ano de 2000.

Fonte: Tribuna do Povo





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